CINQUENTEI

Cinquenta! A maturidade da juventude! E a juventude da velhice! O justo momento da compreensão de que o tempo é curto, passa rápido e é muito valioso. O entendimento de que o tempo passou e levou expectativas de desejos não realizados, acentuando vontades de aproveitar o resto de vida que me cabe de uma forma mais intensa, verdadeira e profunda, deixando medos, inseguranças, acanhamentos e a timidez de lado e trazendo novas aspirações, propósitos e coragem para aceitar a responsabilidade de olhar para quem sou e o que realmente quero desta vida, para que, ao me despedir, sinta que valeu a pena, pois minha alma não é pequena. Sem lamento algum. [...] Fomos educadas para sermos boas meninas e, sendo boas meninas, estava fora de cogitação a autonomia. Crescemos como objeto de desejo do outro, sem permissão ao próprio prazer. As revistas escrevem sobre como enlouquecer o seu homem, sobre como agarrar de vez o seu amor, e não sobre como fazer para nos sentirmos satisfeitas com nossas realizações. Se não nos apropriarmos do nosso universo particular, estaremos na dependência do outro; ele será o administrador da nossa satisfação. É justo? Foi assim... Devemos e podemos mudar, se cada uma fizer a parte que lhe compete: assumindo-se. E, então, iniciaremos a valorização da nossa mulher.